Exportação de ponta e infraestrutura industrial colocam cidade em risco com mudanças fiscais e políticas externas
Jaraguá do Sul, colônia catarinense de grande tradição industrial e sede de bilionários, enfrenta um alerta fiscal: a combinação da reforma tributária (Imposto sobre Bens e Serviços – IBS) e da tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros pode reduzir a arrecadação municipal em até R$ 30 milhões por ano.
Com orçamento previsto de cerca de R$ 350 milhões em 2025, essa queda representaria até 7% de perda na receita, impactando profundamente os serviços públicos oferecidos à população.
Mudança no modelo de arrecadação
A nova estrutura tributária muda a lógica de arrecadação de ICMS e ISS: o imposto deixará de ser recolhido onde os bens ou serviços são gerados e será cobrado no local de consumo — o município comprador. Para cidades industriais com população menor, como Jaraguá do Sul, isso significa uma perda de protagonismo econômico e fiscal.
“Jaraguá é um município com forte base industrial, mas população relativamente menor. Isso nos coloca em posição vulnerável, pois a arrecadação será redistribuída com base no consumo e população local, e não mais onde os produtos são fabricados”, alertou o secretário da Fazenda, Tiago Coelho Przywitowiski.
Tarifa americana pressiona exportações
Um agravante crítico: os EUA passaram a taxar em 50% os produtos brasileiros. Jaraguá do Sul exportou mais de US$ 1 bilhão em 2024, sendo 25% desse volume destinado aos EUA, com a WEG respondendo por 90% dessa exportação.
“Empresas podem diminuir empregos ou demitir. Além disso, há risco de efeito cascata, afetando prestadores de serviços locais e ampliando os prejuízos em toda a cadeia econômica da cidade”, afirmou Przywitowiski.
A WEG, em comunicado oficial, garantiu que possui plano de ação estruturado para mitigar impactos, baseando-se em sua presença global e investimentos estratégicos para otimizar a produção e distribuição.
Resposta municipal: tecnologia e parcerias
Para lidar com os desafios, a prefeitura intensificou medidas para fortalecer a arrecadação:
- Implementação de inteligência artificial, georreferenciamento e cruzamento de dados;
- Integração ao sistema nacional da Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS‑e);
- Revisão da planta genérica de IPTU e regulamentação de ITBI.
“Agora não é mais uma questão de querer fazer, é de ter que fazer. Precisamos dominar o IBS…”, afirmou Przywitowiski.
Além disso, a secretaria prioriza parcerias com 60 empresas que representam 80% do valor adicionado fiscal da cidade, buscando investimentos e novos polos industriais. Novas campanhas de educação fiscal e programas de regularização tributária também estão em andamento.
🔍 A migração do modelo tributário e a pressão sobre exportações colocam Jaraguá do Sul em uma situação delicada, exigindo resposta imediata para preservar seu desenvolvimento econômico e social.
Fonte: ND+